sábado, 24 de setembro de 2011

Mercedes-Benz usará nanotecnologia em motores diesel


Mercedes-Benz usará nanotecnologia em motores diesel
A superfície nano-cristalina é tão homogênea que parece um espelho. [Imagem: Daimler]
Nano-revestimento do motor
A Mercedes-Benz anunciou que começará a usar nanotecnologia para revestir o interior dos cilindros dos seus motores diesel.
A tecnologia, batizada de NanoSlide, usa um arco elétrico em um jato de gás para fundir fios de ferro e carbono e formar um spray, de forma a aspergir os metais sobre uma superfície.
A superfície em questão será o interior dos cilindros dos motores diesel V6 da série ML 350 BlueTEC.
O resultado é uma superfície nano-cristalina tão homogênea que se parece com um espelho, o que reduz o atrito - diminuindo o consumo de combustível - e o desgaste - aumentando a vida útil do motor.
Mercedes-Benz usará nanotecnologia em motores diesel
O nano-revestimento permite a eliminação das camisas do cilindro. [Imagem: Daimler]



Fim das camisas
O nano-revestimento permite a eliminação das chamadas "camisas" do pistão, o revestimento estado-da-arte hoje, com uma redução de 4,3 quilogramas de peso de um motor V6.
Em lugar das camisas, que têm 5 milímetros de espessura, a camada nanocristalina mede entre 0,1 e 0,15 milímetro.
Apesar de extremamente lisa, a superfície possui poros em nanoescala que aprisionam moléculas de óleo, otimizando a lubrificação do motor.
Segundo a empresa, o novo motor alcança um consumo de 14,7 km/l (6,8 litros de diesel a cada 100 quilômetros), com uma emissão de 179 gramas de CO2 por quilômetro - não foram divulgadas as condições do teste.

Obras das hidrelétricas Colíder e Teles Pires têm ações de embargo




As obras das primeiras hidrelétricas que serão instaladas no rio Teles Pires, na divisa dos Estados de Mato Grosso e Pará, começam maculadas por uma série de acusações e problemas relacionados a descumprimento de acordos socioambientais. No alvo do Ministério Público Estadual (MPE) do Mato Grosso estão as hidrelétricas de Colíder e de Teles Pires. Essas duas usinas, que estão entre as prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são as primeiras de um complexo de ao menos cinco hidrelétricas previstas para a região.
Esta semana, o MPE e a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do Mato Grosso decidiram embargar as obras da usina Colíder. A decisão, segundo o promotor de Justiça, Marcelo Caetano Vacchiano, deve-se a dezenas de irregularidades nas áreas de engenharia e meio ambiente cometidas pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), responsável pela usina. Um pedido de paralisação das obras de Teles Pires também deverá ser feito pelo MPE ao Ibama, na próxima segunda-feira.
"Não somos contra usinas hidrelétricas, nossa posição não é ideológica, mas é um absurdo o que está ocorrendo nessa região", diz Marcelo Caetano Vacchiano.
A usina Colíder, projeto de R$ 1,6 bilhão, com 342 megawatts (MW) de potência, foi iniciada em março. Os problemas relatados pelo MPE na execução do empreendimento são confirmados pelo prefeito de Colíder, Celso Paulo Banazeski (PR).
A Copel, segundo Banazeski, não inclui em seu Plano Básico Ambiental (PBA) qualquer ação compensatória que atenda Colíder, município de 39 mil habitantes. "Vamos receber 8 mil novos habitantes e não temos a menor capacidade para isso. Os homicídios já aumentaram, nossa saúde está entulhada e a empresa que está causando tudo isso simplesmente não se comprometeu a pagar nada até agora", afirma Banazeski.
O prefeito de Colíder elaborou um estudo técnico com a relação de ações compensatórias para o município, o que custará R$ 44 milhões. "Vivemos uma situação muito difícil. Até o treinamento de profissionais que eles disseram que fariam não foi realizado. Essa usina vai gerar 2,8 mil empregos diretos e 5 mil indiretos. Eles treinaram 80 pessoas no Senai", acrescenta.
A Copel não permitiu que o Valor tivesse acesso ao canteiro de obras da usina. Por meio do rio Teles Pires, no entanto, a reportagem pôde verificar que está tudo parado no local. Os 700 homens que trabalhavam na obra foram dispensados e aguardam um desfecho em casa. Para o prefeito Banazeski, a construção só será retomada com a negociação fechada.
Por meio de nota, a Copel informou que "já apresentou ao órgão ambiental, mesmo antes da efetivação do embargo, todos os esclarecimentos e as informações que haviam sido solicitados, razão pela qual entende que o restabelecimento da licença se dará no menor prazo possível." A empresa informou ainda que "se prontifica a estudar a alteração das ações, sempre mantendo a mesma equivalência na aplicação dos recursos para os programas sociais e ambientais" previstos na concessão.
Segundo o prefeito de Colíder, uma reunião com a liderança da Copel deverá ocorrer no início da próxima semana.
As ações do MPE também estão direcionadas para a hidrelétrica de Teles Pires, que será construída entre os municípios de Paranaíta (MT) e Jacareacanga (PA). O promotor Marcelo Caetano Vacchiano afirmou que irá entregar uma notificação ao Ibama para que interrompa as operações no canteiro de obras de Teles Pires. O motivo do pedido, segundo o promotor, é o descumprimento de um acordo firmado entre o consórcio empreendedor de Teles Pires e o MPE, para contratar um serviço independente de auditoria que acompanhe a execução de ações compensatórias nos municípios impactados pela obra.
Segundo Vacchiano, "houve um retrocesso nos compromissos" assumidos pela Companhia Hidrelétrica Teles Pires, sociedade formada pela Neoenergia (50,1%), Eletrobras Eletrosul (24,5%), Eletrobras Furnas (24,5%) e Odebrecht Participações e Investimentos (0,9%).
"Fechamos um acordo para que pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) analisassem os impactos da obra, mas eles passaram mais de dois meses para dar a resposta e depois alegaram preço caro e questionaram a capacidade técnica dos pesqusiadores", comenta o promotor de Justiça. "A obra não pode seguir adiante sem que essa situação seja resolvida."
O consórcio Teles Pires nega qualquer negligência na contratação da auditoria que fará o acompanhamento das ações indenizatórias. A empresa afirma, inclusive, que partiu dela a iniciativa de contratar uma empresa externa para fiscalizar a execução dos projetos. "Vamos financiar esse estudo, não há nenhuma resistência por parte da empresa", comentou.
As obras de Teles Pires tiveram início há apenas duas semanas, depois que o Ibama liberou sua licença de instalação, em 19 de agosto. O projeto de R$ 3,3 bilhões e potência instalada de 1.820 MW é a quarta maior obra hidrelétrica em andamento no país, atrás apenas das usinas do rio Madeira, em Porto Velho-RO (Jirau e Santo Antônio) e de Belo Monte, no Pará. A previsão é de que 7 mil empregos diretos sejam gerados daqui a dois anos, no pico das obras e de Teles Pires fique pronta em 2015.
Além de Colídes e Teles Pires na região, está prevista a construção das usinas São Manoel (747 MW), Sinop (461 MW), e Foz do Apiacás, no rio Apiacás (275 MW).

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Biomassa: uma energia brasileira


Biomassa é ainda um termo pouco conhecido fora dos campos da energia e da ecologia, mas já faz parte do cotidiano brasileiro. Fonte de energia não poluente, a biomassa nada mais é do que a matéria orgânica, de origem animal ou vegetal, que pode ser utilizada na produção de energia. Para se ter uma idéia da sua participação na matriz energética brasileira, a biomassa responde por um quarto da energia consumida no País.

Esse percentual tende a crescer com a entrada em operação de novas usinas. Até 2006, devem começar a funcionar 26 novos empreendimentos de geração de energia a partir da biomassa selecionados pela Eletrobrás para o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). Todos os organismos biológicos que podem ser aproveitados como fontes de energia são chamados de biomassa. Entre as matérias-primas mais utilizadas estão a cana-de-açúcar, a beterraba e o eucalipto (dos quais se extrai álcool), o lixo orgânico (que dá origem ao biogás), a lenha e o carvão vegetal, além de alguns óleos vegetais (amendoim, soja, dendê). Em termos mundiais, os recursos renováveis representam cerca de 20% do suprimento total de energia, sendo 14% proveniente de biomassa e 6% de fonte hídrica. No Brasil, a proporção da energia total consumida é cerca de 35% de origem hídrica e 25% de origem em biomassa, significando que os recursos renováveis suprem algo em torno de dois terços dos requisitos energéticos do País. A biomassa é uma forma indireta de aproveitamento da energia solar absorvida pelas plantas, já que resulta da conversão da luz do sol em energia química. Estima-se que existam dois trilhões de toneladas de biomassa no globo terrestre ou cerca de 400 toneladas por pessoa, o que, em termos energéticos, corresponde a 8 vezes o consumo anual mundial de energia primária (produtos energéticos providos pela natureza na sua forma direta, como o petróleo, gás natural, carvão mineral, minério de urânio, lenha e outros). Em 2004, três novas centrais geradoras a biomassa (bagaço de cana) entraram em operação comercial no País, acrescentando 59,44 MW à matriz de energia elétrica nacional. Projeções da Agência Internacional de Energia indicam que o peso relativo da biomassa na geração mundial de eletricidade deverá passar de 10 terawatts/hora (TWh), em 1995, para 27 TWh em 2020. Para se ter uma idéia de quanto isso representa, o Brasil consumiu 321,6 TWh em 2002.

Atuando no mercado há mais de 60 anos, a Companhia Energética Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP), produz 30 MW/h de energia, o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes. O custo da energia produzida é de US$ 30 por megawatt/hora. “Acaba saindo mais barato do que a energia produzida em uma hidrelétrica, se considerarmos que para construir uma usina desse tipo é necessário gastar muito dinheiro. Há também os problemas ambientais e sociais”, explica o diretor administrativo da empresa, Sebastião Henrique Gomes. O diretor destaca ainda as vantagens da biomassa em termos de controle da poluição: “O uso desse tipo de fonte renovável de energia está diminuindo a emissão de gases poluentes no ambiente. Quando aproveitamos o bagaço da cana para produzir energia elétrica, também estamos preservando a natureza”. Na produção de energia a partir de biomassa, não há emissão de dióxido de carbono e as cinzas são menos agressivas ao meio ambiente, em comparação com as provenientes de combustíveis fósseis, como o petróleo.

Pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa (CENBIO), o ambientalista Orlando Nunes lembra que uma das principais vantagens da biomassa é a capacidade de renovação. “É muito importante para um país como o Brasil produzir energia onde ela será consumida e poder produzi-la sem o risco de que acabe”, diz. “O uso dessa energia gera empregos e renda ao envolver mão-de-obra local na produção. Mais de 1 milhão de pessoas trabalham com Biomassa no Brasil e o número tende a crescer.” Dados do Balanço Energético Nacional (edição 2003) revelam que a participação da biomassa na matriz energética brasileira é de 27%, a partir da utilização de lenha de carvão vegetal (11,9%), bagaço de cana-de-açúcar (12,6%) e outros (2,5%). O potencial autorizado para empreendimentos de geração de energia elétrica, de acordo com a ANEEL, é de 1.376,5 MW, quando se consideram apenas centrais geradoras que utilizam bagaço de cana-de-açúcar (1.198,2 MW), resíduos de madeira (41,2 MW), biogás ou gás de aterro (20 MW) e licor negro (117,1 MW).


Energia a partir da casca de cupuaçu

Um projeto pioneiro na produção de energia a partir de biomassa está sendo desenvolvido no município amazonense de Manacapuru. O Centro Nacional de Referência em Biomassa, em parceira com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), está testando a casca de cupuaçu como combustível para produção de eletricidade. Para o projeto, foram escolhidas 187 famílias de agricultores do assentamento de Aquidaban. Após a definição de como será feita a distribuição da eletricidade gerada, o sistema – que já está em funcionamento – deve ser inaugurado oficialmente no início de Setembro próximo. A Eletrobrás, a Eletronorte e a Companhia Energética do Amazonas (CEAM) deverão atuar como parceiros no projeto.

Para o CENBIO, o aproveitamento energético da casca de cupuaçu é um importante meio para integrar as famílias da região e gerar eletricidade de forma limpa e renovável para uma população carente. “É o primeiro projeto fora da Índia de gaseificação de biomassa num sistema isolado (não conectado à rede nacional interligada)”, explica o coordenador do projeto, Osvaldo Martins.

O princípio de transformação da casca do cupuaçu em combustível é relativamente simples. A casca, com umidade máxima de 6%, é queimada dentro de um gaseificador com pouco oxigênio. A combustão incompleta produz, no lugar da fumaça, um gás que tem poder calorífico equivalente a aproximadamente 25% daquele proporcionado pelo gás natural. Esse gás é jogado na entrada de ar do motor a diesel, reduzindo em até 80% o consumo desse combustível. Neste momento ocorre a substituição do diesel pelo gás da casca de cupuaçu. “Se o motor consumia cinco litros de diesel por hora, passará a usar apenas um litro”, explica Martins.

O objetivo do programa, segundo Martins, é mostrar a viabilidade técnica e econômica da geração de energia a partir da casca do cupuaçu na região. “Precisamos ter um cenário real do potencial da adaptação desse novo sistema no Norte do País”, diz Martins. O custo total do programa é de R$ 980 mil, financiados durante dois anos pelos fundos setoriais de energia do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Antes de mandar os equipamentos – importados da Índia – para Manacapuru, os pesquisadores fizeram modificações: “Trocamos alguns acessórios por similares nacionais. Isso facilitou a manutenção”, informa Martins. Ele ressalta que a geração de energia não é o único objetivo do programa: “Queremos, além de implementar energia, inserir uma agroindústria à rede de processamento de cupuaçu para agregar mais valor ao produto e gerar renda.

PCH Santa Cruz fomenta desenvolvimento em Monte Negro e Cacaulândia

Economia
Uma nova realidade econômica se vislumbra para os municípios de Monte Negro e Cacaulândia com a instalação da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Cruz – tida como um novo marco no desenvolvimento sustentável da região, por sua inserção no mercado mundial de carbono, por gerar energia de baixo impacto ambiental -; impulsionar a economia com a expansão de energia em 17 megawatts; geração de aproximadamente 400 postos de trabalho de forma direta e indireta; aumento da arrecadação; fortalecimento da piscicultura e, ao ecoturismo e lazer na exploração de áreas de camping, marina e revitalização da praia fluvial de Monte Negro.

A obra, em fase de instalação deve ser concluída até janeiro de 2015 sob a responsabilidade do grupo Mega Energia. Nessa fase inicial, está sendo instalado o canteiro de obras, mas até o final do ano se pretende concluir a escavação em solo e rocha para construção da PCH.
A PCH Santa Cruz faz parte dos investimentos feitos pela Mega Energia na região da grande Ariquemes, onde estão sendo instaladas outras duas usinas – Jamari e Canaã – e que vem sendo apresentadas em reuniões públicas à população dos municípios envolvidos pela Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam).

Em Monte Negro, o empreendimento já tem um projeto pronto de revitalização da prainha – com nova repaginação e infra-estrutura para receber a população e turistas – e deu início a uma parceria com a Prefeitura para implantar o programa Banco de Dados, que consiste no cadastro e seleção de pessoas para trabalhar na construção da PCH Santa Cruz, uma forma de valorizar a mão de obra qualificada local. Esse Banco de Dados funcionará na Secretaria Municipal de Ação Social de Monte Negro.

A expansão de energia em Monte Negro e região da grande Ariquemes, para garantir auto-suficiência energética no presente e a gerações futuras, começou em 2002 com o estudo de inventário, aprovado em 2005 pelos órgãos competentes, mesmo ano da elaboração e aprovação do projeto básico. No ano passado, foram aprovadas as licenças ambientais de instalação do empreendimento e também incluído no leilão de energia do Governo Federal. Nesse ano, as licenças ambientais de instalação foram renovadas.

A PCH Santa Cruz terá também como diferencial de sustentabilidade a escada de peixe – tecnologia que permite a transposição de peixes - um programa efetivo de proteção da fauna e flora, e integração socioeconômica da população afetada pelo empreendimento.

Copel diz que obra da Colíder segue diretrizes do Estado do MT

SÃO PAULO - A Companhia Paranaense de Energia (Copel) divulgou um comunicado hoje dizendo que as obras na Usina Hidrelétrica Colíder, no Mato Grosso, seguem diretrizes aprovadas pelo governo do Estado. As obras foram embargadas nesta semana (20) e a empresa foi multada em R$ 1,2 milhão.

Segundo o Ministério Público do Estado do Mato Grosso, o motivo do embargo foi o não cumprimento de recomendações feitas pelo órgão e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente.

O promotor de Justiça Marcelo Caetano Vacchiano disse que, entre as irregularidades detectadas, está a ausência de comprovação, por parte da Copel, de acordos com os proprietários das áreas que serão alagadas. Além disso, a empresa não estaria cumprindo decisão judicial que suspendeu as obras, no mês de agosto, por ausência de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).

Procurados, representantes da Copel não foram encontrados para comentar o assunto. Em comunicado, a empresa diz ter seguindo as diretrizes que constam do Plano Básico Ambiental (PBA) levado a audiências públicas e aprovado pela Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, "da qual puderam participar o Ministério Público e as Prefeituras dos Municípios do entorno da obra".
"Todas as etapas exigidas foram e estão sendo rigorosamente cumpridas pela Companhia", diz o texto. Ainda assim, segundo a Copel, caso haja uma proposta para substituição de itens do plano, a companhia se prontifica a estudar a alteração.